Na população idosa, as quedas têm origem multifatorial. Podem ter contribuições importantes de estados como.
Anemia, Má nutrição, Doenças cardíacas e circulatórias, como arritmias, hipertensão arterial e Diabetes
Doenças neurológicas, como a doença de Parkinson, demências e
Depressão.
Tratamentos farmacológicos múltiplos, tão frequentes nestas idades.
Um índice de massa corporal baixo, ou seja, magreza, atividade física limitada.
Por vezes, compromisso cognitivo.
O compromisso vestibular, ou seja, o que está associado ao ouvido interno responsável pelo equilíbrio, e multissensorial de controlo do equilíbrio também não pode ser esquecida na avaliação destes doentes.
O equilíbrio depende da integração pelo sistema nervoso central de informação proveniente da visão, vestíbulo e de recetores existentes nos pés, músculos e articulações.
Com o envelhecimento ocorrem alterações degenerativas em todos estes domínios, o que pode acarretar estratégias desadequadas de prevenção de quedas.
Perante um buraco na calçada, um tapete enrugado, tropeçar num objeto, as respostas individuais para o mesmo nível de défice dependem acima de tudo da compensação pelo sistema nervoso central.
Com a idade, a visão deteriora-se e a capacidade de utilizar informação visual para melhorar o controlo do equilíbrio, especialmente aquando do movimento, também.
A utilização de óculos bem-adaptados para corrigir défices visuais e a cirurgia de cataratas, quando necessário, são de especial importância.
A reserva muscular, da qual dependem movimentos como o levantar da cadeira, a rotação do corpo, subir escadas, que exigem alternância do peso corporal só numa perna, está sempre comprometida nos seniores com atividade física limitada.
Aumentar a força muscular é também um dos objetivos da reabilitação.
Em relação ao sistema vestibular, as estruturas também apresentam degeneração, logo a partir do nascimento, no caso das células ciliadas nos canais semicirculares, e a partir da meia-idade nas máculas dos órgãos otolíticos e nos neurónios dos núcleos vestibulares.
A este fenómeno chama-se presbivestibulopatia e está por detrás dos sintomas de vertigem e perturbação do equilíbrio experienciados pelos seniores.
A assimetria e o défice de funcionamento vestibular condicionam as estratégias de equilíbrio que passam a ser desadequadas e ineficazes. Existe, por exemplo, comprovada ligação entre o lado da fratura do colo do fémur resultante da queda e o vestíbulo que funciona mal ou pior.
As experiências prévias, as quedas ou quase quedas, com o receio e medo que acarretam e consequente comportamento de evitação associado, criam uma espiral descendente e limitações com consequências impactantes na qualidade de vida.
O papel da Medicina Geral e Familiar, da Medicina Interna integrando as vertentes cardiológica, neurológica, psiquiátrica, metabólica, ortopédica, fisiátrica, é fundamental. Os doentes que chegam à consulta de otoneurologia a pedir ajuda, quase sempre já percorreram este caminho.
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